HEGEL E MARX NA FILOSOFIA DA HISTÓRIA.
1. “O real é racional e o racional é real”. Tendo presente
tal afirmação hegeliana, explicite algumas das linhas gerais do pensamento
hegeliano.
A frase de Hegel
deixa clara sua visão da realidade como algo plenamente identificado com a
Razão e nos revela o cerne de sua ontologia que procurava desfazer o dualismo da
filosofia de Kant a qual estabelecia uma cisão inevitável entre o sujeito e a
realidade das coisas em si. Hegel quer demonstrar que, uma vez que somos
dotados de razão, somos capazes de conhecer a totalidade das coisas,
bastando-nos, para isso, identificar a racionalidade que é sempre imanente a
tudo. Para Hegel, a verdade não está unicamente nos objetos, ou seja, não há
apenas uma razão objetiva, nem tampouco está a verdade exclusivamente no
sujeito. Haveria, isto sim, uma unidade necessária do objetivo e do subjetivo
que se realiza por meio da Razão. E é ela que nos permite conhecer as relações
harmoniosas entre as coisas e as ideias, entre o mundo exterior a nós e a nossa
consciência, entre o objeto e o sujeito. Essa unidade harmônica não é algo
eterno mas sim uma conquista da Razão ao longo do tempo, portanto, uma
conquista que se dá na História. Caberia à Filosofia a reconstrução do percurso
histórico do Espírito Absoluto que é a manifestação da autoconsciência que se
revela a si mesma ao longo da História. O filósofo alemão afirmou que a Razão
sempre governou esse movimento do espírito que se processa dialeticamente por
meio do confronto de ideias opostas e que realiza sínteses que sempre podem ser
também negadas por novas oposições.
2. Desenvolva uma reflexão apresentando algumas
contribuições de Hegel para a Filosofia da História.
A contribuição
mais importante de Hegel para a Filosofia da História encontra-se em sua obra
mais famosa, o livro “Fenomenologia do Espírito”. Nesta obra, o filósofo vai de
encontro aos pressupostos da lógica clássica que afirma que o ser jamais é não
ser, que ser e não ser não se identificam e o que é é e o que não é não é. Ao
contrário deste pressuposto que desvaloriza tudo o que se apresenta como
contraditório em favor de uma concepção do ser como realidade eterna, imóvel e
perfeita, Hegel considera a negação como o grande motor da história. De acordo
com o filósofo, não haveria progresso do espírito se não houvesse uma
permanente negação das ideias que faz com que, do confronto entre tese e
antítese, surja a síntese que manifesta a realização do absoluto em uma época.
Com essa visão, Hegel reabilita uma noção que vinha sendo desprezada ao longo
da a História da Filosofia desde Platão, a noção de ser como um devir.O devir é
o movimento dialético que leva o homem e o mundo no percurso histórico para a
derradeira superação de todas as oposições, para a realização final do
absoluto. Para Hegel, no início de tudo
temos, sim, um ser, mas um ser vazio que só irá se constituir como um ser pleno
e absoluto depois de cumprida todas as etapas do percurso histórico em que a
razão se realizou de forma necessária. E é justamente por haver na História a
manifestação necessária da Ideia ou Razão Infinita que somos capazes de
apreender seu sentido identificando o papel desempenhado por todas as
contradições que se fizeram presentes ao longo do percurso histórico.
3. Quais as contribuições do Marxismo, em particular do
Materialismo Histórico, para a compreensão
da história humana?
A teoria de Karl
Marx inverteu o conceito de dialética de Hegel. Para este, as ideias eram
responsáveis pela criação das condições materiais dos homens. Para Marx, as
condições materiais de existência é que dão origem às ideias. De acordo com a
dialética de Marx, portanto, a sociedade é formada por contradições reais que
se dão no plano da economia e que são refletidas pela ideologia que impera na
esfera cultural. A visão marxiana é
consequência da prioridade dada pelo autor aos estudos sobre Economia Política,
considerando esta como a ciência que forneceria a verdadeira elucidação dos
determinismos da História. Para Marx, as estruturas sociais de todas as
sociedades humanas baseiam-se num circuito que tem como mola mestra seus bens e
serviços em sua cadeia de produção, distribuição e trocas. Por isso, para
compreender a História, é preciso observar a dialética presente nos processos
de permanente transformação do mundo. Processos que se revelam ao estudarmos a
fundo as conexões existentes entre o homem, a natureza e as técnicas (ou seja,
as relações das forças de produção) associando estas às formas de propriedade
criadas pelo homem ao longo do transcurso linear do tempo. A explicação
dialética de Marx para a História aponta a luta de classes como motriz
fundamental da evolução da humanidade, luta esta que, conforme é postulado pelo
determinismo histórico, deverá, necessariamente, desembocar na ditadura do
proletariado.
Referências:
CHAUÍ, Marilena. Convite
à Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2012.
HEGEL, Georg
Wilhelm Friedrich. A razão na
História: uma introdução geral à Filosofia da História. São Paulo: Centauro
Editora, 2001.
OLIVEIRA, Antônio
Carlos de. Filosofia da
História-Subsídio de Apoio Didático. Unicap, 2012.
SILVA, Franklin Leopoldo e.Hegel e a Razão Dialética como
justificação do drama histórico. Palestra disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=hxFhMvy2FMg,
acesso em 20/11/13.
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