quinta-feira, 21 de novembro de 2013

HEGEL, MARX E A FILOSOFIA DA HISTÓRIA.

HEGEL E MARX NA FILOSOFIA DA HISTÓRIA.


1. “O real é racional e o racional é real”. Tendo presente tal afirmação hegeliana, explicite algumas das linhas gerais do pensamento hegeliano.

A frase de Hegel deixa clara sua visão da realidade como algo plenamente identificado com a Razão e nos revela o cerne de sua ontologia que procurava desfazer o dualismo da filosofia de Kant a qual estabelecia uma cisão inevitável entre o sujeito e a realidade das coisas em si. Hegel quer demonstrar que, uma vez que somos dotados de razão, somos capazes de conhecer a totalidade das coisas, bastando-nos, para isso, identificar a racionalidade que é sempre imanente a tudo. Para Hegel, a verdade não está unicamente nos objetos, ou seja, não há apenas uma razão objetiva, nem tampouco está a verdade exclusivamente no sujeito. Haveria, isto sim, uma unidade necessária do objetivo e do subjetivo que se realiza por meio da Razão. E é ela que nos permite conhecer as relações harmoniosas entre as coisas e as ideias, entre o mundo exterior a nós e a nossa consciência, entre o objeto e o sujeito. Essa unidade harmônica não é algo eterno mas sim uma conquista da Razão ao longo do tempo, portanto, uma conquista que se dá na História. Caberia à Filosofia a reconstrução do percurso histórico do Espírito Absoluto que é a manifestação da autoconsciência que se revela a si mesma ao longo da História. O filósofo alemão afirmou que a Razão sempre governou esse movimento do espírito que se processa dialeticamente por meio do confronto de ideias opostas e que realiza sínteses que sempre podem ser também  negadas por novas oposições.

2. Desenvolva uma reflexão apresentando algumas contribuições de Hegel para a Filosofia da História.

A contribuição mais importante de Hegel para a Filosofia da História encontra-se em sua obra mais famosa, o livro “Fenomenologia do Espírito”. Nesta obra, o filósofo vai de encontro aos pressupostos da lógica clássica que afirma que o ser jamais é não ser, que ser e não ser não se identificam e o que é é e o que não é não é. Ao contrário deste pressuposto que desvaloriza tudo o que se apresenta como contraditório em favor de uma concepção do ser como realidade eterna, imóvel e perfeita, Hegel considera a negação como o grande motor da história. De acordo com o filósofo, não haveria progresso do espírito se não houvesse uma permanente negação das ideias que faz com que, do confronto entre tese e antítese, surja a síntese que manifesta a realização do absoluto em uma época. Com essa visão, Hegel reabilita uma noção que vinha sendo desprezada ao longo da a História da Filosofia desde Platão, a noção de ser como um devir.O devir é o movimento dialético que leva o homem e o mundo no percurso histórico para a derradeira superação de todas as oposições, para a realização final do absoluto.  Para Hegel, no início de tudo temos, sim, um ser, mas um ser vazio que só irá se constituir como um ser pleno e absoluto depois de cumprida todas as etapas do percurso histórico em que a razão se realizou de forma necessária. E é justamente por haver na História a manifestação necessária da Ideia ou Razão Infinita que somos capazes de apreender seu sentido identificando o papel desempenhado por todas as contradições que se fizeram presentes ao longo do percurso histórico.

3. Quais as contribuições do Marxismo, em particular do Materialismo Histórico, para a compreensão da história humana?

A teoria de Karl Marx inverteu o conceito de dialética de Hegel. Para este, as ideias eram responsáveis pela criação das condições materiais dos homens. Para Marx, as condições materiais de existência é que dão origem às ideias. De acordo com a dialética de Marx, portanto, a sociedade é formada por contradições reais que se dão no plano da economia e que são refletidas pela ideologia que impera na esfera cultural.  A visão marxiana é consequência da prioridade dada pelo autor aos estudos sobre Economia Política, considerando esta como a ciência que forneceria a verdadeira elucidação dos determinismos da História. Para Marx, as estruturas sociais de todas as sociedades humanas baseiam-se num circuito que tem como mola mestra seus bens e serviços em sua cadeia de produção, distribuição e trocas. Por isso, para compreender a História, é preciso observar a dialética presente nos processos de permanente transformação do mundo. Processos que se revelam ao estudarmos a fundo as conexões existentes entre o homem, a natureza e as técnicas (ou seja, as relações das forças de produção) associando estas às formas de propriedade criadas pelo homem ao longo do transcurso linear do tempo. A explicação dialética de Marx para a História aponta a luta de classes como motriz fundamental da evolução da humanidade, luta esta que, conforme é postulado pelo determinismo histórico, deverá, necessariamente, desembocar na ditadura do proletariado.

Referências:
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2012.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. A razão na História: uma introdução geral à Filosofia da História. São Paulo: Centauro Editora, 2001.
OLIVEIRA, Antônio Carlos de. Filosofia da História-Subsídio de Apoio Didático. Unicap, 2012.
SILVA, Franklin Leopoldo e.Hegel e a Razão Dialética como justificação do drama histórico. Palestra disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=hxFhMvy2FMg, acesso em 20/11/13.
  

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